segunda-feira, 7 de março de 2011

Montes Claros teme novos tremores de terra


Depois do susto e medo na noite de sábado com o abalo sísmico de 3,2 graus na Escala Richter, que obrigou parte da população a sair para as ruas, moradores de Montes Claros, no Norte de Minas, temem novos tremores de terra, o que não é descartado pelo Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), devido ao “histórico de sismicidade” da região. Esse foi o sexto e o maior abalo na cidade nos últimos 15 meses.


O observatório da UnB confirmou que o tremor de terra sentido em Montes Claros ocorreu às 20h29 de sábado. Não houve registro de vítimas ou danos materiais em casas e prédios, mas os moradores se assustaram ao ouvir um estrondo, antes de a terra tremer. Muita gente saiu de casa com medo de desabamentos. O fenômeno foi o principal assunto no domingo em toda a cidade.

O chefe do Observatório Sismológico da UnB, Lucas Vieira Barros, lembra que já foram registrados outros tremores na cidade, o que indica a existência na região de uma fenda geológica, ou seja, uma “fonte sismogênica” causadora dos abalos. Barros salienta que será necessária a instalação de uma estação sismográfica em Montes Claros, para estudar detalhadamente a extensão da fenda geológica e a possibilidade de outros abalos.

Nos últimos 15 meses, foram registrados cinco tremores na cidade, dois deles em 16 de setembro (de 2,7 e 2,3 de magnitude). Os outros três ocorreram em 15 de dezembro de 2009 (2,3 graus), 17 de dezembro de 2009 (2,1 graus) e 8 de janeiro de 2010 (1,8 grau). “Há necessidade da instalação da estação da sismográfica na região de Montes Claros, com o objetivo de registrar os microtremores que são percebidos pela população.

Prevenção

O mapeamento dos abalos vai determinar as dimensões físicas da falha geológica. “A partir do momento em que for conhecida a extensão da falha, será possível levantar a magnitude máxima de outros tremores que poderão ocorrer na cidade e recomendar as medidas preventivas, como construções mais resistentes”, relata Barros, que também admitiu a possibilidade de a intensidade dos sismos aumentar ao longo do tempo, “embora pouco provável”.

O especialista ressalta que não é possível para a ciência prever os terremotos, nem quando eles deverão ocorrer. “Infelizmente, mesmo que fossem previsíveis, os tremores seriam inevitáveis. O que temos de fazer é levantar as características das fontes sismogênicas. E, no caso de Montes Claros, existe uma fonte sismogênica”, ressalta o chefe do Observatório Sismológico da UnB.

Ele lembra que não é possível prever data ou hora de um tremor porque se trata de um fenômeno natural relacionado com acomodações no subsolo e com a própria energia da Terra. “Os sismos ocorrem quando a Terra libera energia acumulada ao longo de muitos anos. Muitas vezes, depois de um sismo inicia-se um novo ciclo de acúmulo de energia”, explica o professor Lucas Vieira Barros.

Fim dos tempos

Ainda conforme o chefe do Observatório da UnB, o tremor de 3,2 graus não teve piores consequências porque um sismo dessa magnitude não seria capaz de produzir danos. Porém, o fenômeno provocou muito susto entre os moradores nas diversas partes da cidade. Foi o caso da dona de casa Antônia Fernandes Farias, moradora do Bairro Carmelo. “Estava assistindo à televisão e, de repente, vi o sofá balançar. Todo mundo saiu para a rua. Foi rápido, mas fiquei muita assustada”, conta Antônia.

O fenômeno também assustou as vizinhas Maria Zileide Ferreira e Donatélia Ferreira Gomes, que moram no Bairro Monte Carmelo. “Estava na porta da rua quando vi as janelas serem sacudidas”, conta Maria Zileide. Já Donatélia relata que estava no segundo pavimento da casa quando sentiu a terra tremer. Domingo à tarde, as duas amigas conversavam sobre o assunto, sentadas no passeio.

Mas, a preocupação delas era em relação às causas do abalo. “Ouvi dizer hoje na padaria que o tremor de terra é o sinal do fim dos tempos, escrito na Biblia. Acho que pode ter mesmo, pois estamos vivendo um mundo de muita violência e de falta de respeito às famílias”, disse Maria Zileide. Já o técnico em meio ambiente José Ponciano Neto acredita que o que vem provocando os abalos no Norte de Minas é “a depressurização do subsolo” devido à abertura descontrolada de poços tubulares na região.

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